O concreto é o segundo produto mais consumido no mundo e um dos materiais mais utilizados na construção civil devido à sua versatilidade e resistência. No entanto, apesar de ser muito utilizado, nem todos sabem que a temperatura pode exercer um papel crítico em suas propriedades e desempenho.
Por este motivo, neste artigo vamos abordar os efeitos da temperatura no concreto, revelando como variações térmicas podem influenciar sua durabilidade, resistência e, até mesmo, a segurança das estruturas.
Quais são os efeitos da temperatura no concreto?
O concreto é formado por cimento, água, areia, brita e aditivos, mas a reação responsável pelo seu endurecimento acontece apenas entre dois desses componentes: cimento e água. O fenômeno químico em questão é exotérmico e chamamos-o de calor de hidratação.
A temperatura do ambiente tem grande influência sobre ele, sendo problemáticos calor e frio extremos. No caso de dias muito quentes, o calor de hidratação é muito elevado, o que acaba aumentando a evaporação da água, retraindo o concreto e, consequentemente, gerando algumas fissuras no mesmo.
Há algumas formas de se minimizar esses efeitos, tais como utilizar aditivos ou até cimentos com adições, como o CPlll, com 35% a 70% de escória de alto forno, garantindo menor calor de hidratação.
Já os dias mais frios, abaixo de 15º C, garantem um baixo calor de hidratação, o que retarda o endurecimento e diminui a resistência inicial. Esse retardo gera problemas para quem necessita de desforma rápida como, por exemplo, fábricas de artefatos e peças pré-fabricadas.
É importante, também, ressaltar outros casos, como os que estão abaixo de 10º C e acima de 35º C. No extremo frio, além do retardamento, pode ocorrer a paralisação do início de pega do cimento. Dessa forma, o concreto não reage e fica em estado fresco.
Já no calor extremo, o início da pega pode ocorrer ainda no seu transporte, ou seja, as ramificações da partícula de cimento resultantes da reação entre ele e água começam a se formar, porém a rotação feita pelo caminhão as quebra. Após a concretagem ser feita, essas ramificações voltam a se estabelecer, entretanto de forma menos intensa, diminuindo a resistência do concreto.
Sendo assim, em dias de temperatura acima de 35º C ou abaixo de 10º C não é interessante realizar concretagens. Já em dias com temperaturas altas ou baixas, mas que não sejam extremas, é totalmente possível realizá-las da melhor maneira possível, apenas atentando-se a escolha do cimento e dos aditivos.
É importante saber que a medição da temperatura sozinha não prevê futuras fissuras, visto que o calor não é o único fator responsável pela taxa de evaporação. Esta, ao ser calculada, leva em consideração também a umidade do ar e a velocidade do vento no local da concretagem.
Como prevenir fissuras no concreto?
Além de poder prever o acontecimento de fissuras, atualmente também é possível evitá-las, com as seguintes formas:
Empregar água fria para resfriar os agregados, e, consequentemente, diminuir o calor de hidratação;
Utilizar filme plástico (folhas de polietileno) e também se possível mantê-los cobertos ou a fim de diminuir a evaporação;
Adotar concretos com resistência inicial elevada, com o intuito de aumentar o combate às tensões de tração que levam à fissuração;
Aplicar o método de inundações ou ponding, no qual forma-se uma pequena barreira de argamassa (ou outro material que segure a água) em torno do concreto, onde a água será retida;
Utilizar pulverizadores de água no ambiente onde foi feita a concretagem, para aumentar a umidade do ar do local;
Pintar caminhões betoneiras de cor clara.
Existem diversos outros métodos para contornar o problema da retração do concreto, mas, desde que seja feito um estudo correto do clima do local, escolhido um traço correto para o concreto, ou remarcada a concretagem para um dia com clima mais favorável, não há motivos para temer as fissuras no concreto.
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